O projeto de requalificação da Avenida Lourenço Peixinho, na cidade de Aveiro, apresentado na segunda-feira pela autarquia, prevê fortes limitações à circulação automóvel e uma praça em cada topo, como espaços de convivência social.
Elaborado por uma equipa da Universidade de Aveiro (UA) a pedido da autarquia, o projeto esteve em debate público na sede da Assembleia Municipal, no qual o presidente da Câmara, Élio Maia, pretendeu recolher "todas as perspetivas" para a hora da decisão.
Jorge Carvalho, coordenador da equipa da UA, apresentou o projeto base para "o chão da Avenida", que carece, numa segunda fase, de regras de volume e usos para a transformação dos edifícios e de animação do espaço público.
"A função deve ser essencialmente pedonal, cumprindo as funções de centro e zona de receção da cidade. Pretende-se empurrar os carros para fora da Avenida, mas não eliminar", explicou.
Foram várias as vozes a manifestar receios de que, com a limitação automóvel, a Avenida acabe por ficar ainda mais deserta, como aconteceu com a Praça Marquês de Pombal e a Rua Direita, atualmente quase sem movimento.
Contrapôs o arquiteto Bruno Soares - membro da equipa da UA - que, mais do que a pedonalização dessas zonas, foi a transferência de serviços ali alojados para zonas mais periféricas e a abertura do centro comercial Fórum que lhes retiraram o movimento que tradicionalmente tinham.
A principal novidade do projeto base é o estabelecimento de uma praça no topo poente, dedicada aos peões, em que só vão poder circular veículos de emergência ou transportes públicos e haverá espaço para cargas e descargas.
O trânsito, que passa a ter apenas uma via em cada sentido limitado a uma velocidade de 30 quilómetros por hora, entra na Avenida em frente à Pastelaria Avenida, contornando-a, até aí, pela rua que serve a Associação Comercial.
No topo nascente, a solução é repetida, ficando o túnel que passa por baixo da estação reservado aos transportes públicos e como acesso a um futuro parque de estacionamento subterrâneo, com 400 lugares, e sendo criado um segundo "Rossio", para lá da linha férrea.
Segundo Bruno Soares, ao longo da Avenida os peões passam a ter, de cada um dos lados, passeios de 9,5 metros, contra os atuais três metros.
Aspeto gerador de alguma polémica no debate foi a supressão da pista ciclável, substituída pela convivência da bicicleta e do automóvel com marcação no asfalto.
A substituição das atuais árvores por outras, mais adequadas a amenizar o vento, é um dos pormenores que não foi descurado e teve por base um estudo do regime dos ventos, com dados dos últimos 30 anos e simulações computacionais aos vários cenários possíveis, apresentado por Carlos Borrego, ex-ministro do Ambiente e docente da UA.
MSO | Lusa/Fim [19.06.2012]