terça-feira, 30 de abril de 2013

quinta-feira, 18 de abril de 2013

- Como está a criatividade em Portugal?

Como está a criatividade em Portugal? | Imagens de Marca

Aproximam-se a passos largos duas das mais importantes competições a nível de criatividade em Portugal: a 15ª edição do Festival do Clube de Criativos e os Young Lions 2013. A primeira, que elege os melhores projetos criativos a nível nacional, viu nos últimos anos assistir a um decréscimo do número de participantes. Já a segunda, que se destina a premiar novos talentos de Marketing, Publicidade e Relações Públicas, insere-se no Festival de Cannes Lions, o maior evento mundial da área e onde Portugal tem também se pautado por uma prestação abaixo das expectativas.

Num momento em que se apela à participação nestas duas competições, o Imagens de Marca foi à procura das razões que podem estar por detrás desta realidade, e responder a uma questão mais atual do que nunca: como está a criatividade em Portugal?
Para José Carlos Campos, diretor criativo da agência Strat e antigo Presidente do Clube de Criativos, a difícil conjuntura económica por que estamos a passar e a falta de união na indústria são os dois principais motivos do enfraquecimento da participação portuguesa. “Existe criatividade em Portugal, mas se calhar no nosso negócio há um défice atualmente, que tem a ver com as circunstâncias económicas em que vivemos. Para já eu acho que a indústria e, agora falo da parte que me diz respeito, tem dificuldade em captar talento, porque há falta de dinheiro. Neste momento não há grandes perspetivas de futuro que possam ser entregues nesta ou na maioria das profissões que nós temos em Portugal. Às vezes as próprias empresas não têm os objetivos bem definidos, e o mercado também não tem. Eu acho que este mercado nunca foi um mercado unido, nunca foi um mercado que defendesse de uma forma clara os seus interesses”, afirma José Carlos Campos.
As fragilidades apresentadas pelo setor parecem refletir-se nos próprios trabalhos enviados para o maior evento de criatividade do país, o Festival do Clube de Criativos. Quem o diz é o atual Vice Presidente do Clube, Pedro Pires, que explica as grandes transformações ocorridas no mercado nos últimos anos: “Há obviamente uma pressão muito grande que foi posta sobre as agências, porque diminuíram nitidamente os seus orçamentos. Se vão diminuir os orçamentos vão obviamente diminuir os recursos para ter pessoas a trabalhar e vai diminuir a qualidade daquilo se faz. No início do Milénio as marcas queriam fazer coisas diferentes, queriam ser relevantes. Mas a partir de 2005 o fator do tempo alterou-se profundamente, há muito menos tempo, e acima de tudo a questão da mentalidade. A mentalidade passa de uma mentalidade inovadora, quase revolucionária, para uma situação onde se procura mais a paridade, onde se procura defender o território que já se conquistou. Cada vez mais as agências, os criativos e as marcas auto-censuram-se no processo de criação.”
Para inverter o decréscimo do número de participantes no festival, a nova direção do Clube de Criativos garante estar este ano a desenvolver contactos diretos junto dos agentes do mercado. Em entrevista ao Imagens de Marca, Pedro Pires salienta que se está neste momento a tentar reforçar o papel do evento e do próprio Clube, através de um conjunto alargado de iniciativas, como é o caso das Noites do Desconforto. Veja aqui a entrevista.
Além do Festival do Clube de Criativos, e tal como já foi referido, decorrem também neste momento as inscrições para os Young Lions, concurso integrado no prestigiado festival Cannes Lions, e que se vislumbra como uma oportunidade para os jovens criativos se destacarem num mercado cada vez mais competitivo, e onde só há espaço para os melhores. Marcelo Loureço, diretor criativo da FUEL, agência que assina a campanha de promoção aos Young Lions, considera que a conjuntura económica adversa tem obrigado os jovens a encontrar novos caminhos para a criatividade.É engraçado que esta crise tem feito com que muitas coisas novas acontecessem. O facto de não haver emprego para toda a gente leva a que as pessoas inventem os seus próprios empregos e ocupações. A necessidade é a mãe da invenção e as pessoas estão a colocar coisas novas no Youtube, no Facebook, estão a trabalhar com iPhones, a fazer aplicações e a inventar coisas na internet. Tenho a certeza de que esta crise é horrível, mas está a ensinar toda a gente a fazer muito mais com muito menos”, afirma Marcelo Lourenço.
Exportar criatividade é a solução que o criativo brasileiro encontra para Portugal poder enfrentar as suas atuais dificuldades. “Acho que o mercado português não é um grande mercado em termos de tamanho, mas uma boa agência graças à globalização deveria vender a criatividade para o mundo. E acho que essa é a única solução para Portugal: vender criatividade para o mundo. O Brasil é, por exemplo, um mercado gigantesco de língua portuguesa e tenho a certeza de que vão haver grandes oportunidades para as agências que se mostrarem à altura”, garante.
E qual a receita para Portugal também se voltar a mostrar à altura nos grandes festivais internacionais de criatividade? A resposta é uníssona: unir toda a indústria. “Eu acho que é preciso uma ideia para o mercado. É preciso que quem está à frente da APAN (Associação Portuguesa de Anunciantes), quem está à frente do Clube de Criativos, quem está à frente destas várias associações que representam as várias entidades do mercado, se sentem à mesa e encontrem as melhores soluções para que o mercado seja mais competitivo. As pessoas têm de abrir um bocado a mente e perceber o que é nós temos a ganhar todos juntos, e o que é que temos para oferecer às novas pessoas que chegam a este mercado. Não podem ser só umas agências, uns anunciantes, ou um pessoal que gere os meios. Tem que haver algo mais organizado, mais estruturado e com uma perspetiva de que «nós queremos ser isto, nós queremos que Portugal em termos de mercado europeu seja visto desta forma» ”, remata o diretor criativo executivo da Strat.
Fazer mais com menos, exportar criatividade, e unir toda a indústria, através de uma estratégia concertada entre os vários agentes do mercado, são, assim, os caminhos apontados por quem acredita que a crise é uma oportunidade para estimular as mentes criativas portuguesas.
Neste especial do Imagens de Marca visitámos ainda a Lisbon AD School, e entrevistámos Frederico Arouca, o seu presidente, para construirmos o perfil do jovem criativo de hoje. A criatividade ensina-se? Os jovens de hoje são mais ou menos criativos? Será que estão desiludidos com a profissão? Como incentivá-los? Veja aqui a entrevista.
A dois dias do início da 14ª Semana Nacional do Marketing não perca ainda a entrevista a Rui Ventura, Presidente da APPM, que nos ajuda a perceber como está a criatividade ao nível do marketing.
Veja neste Dossier Especial:
·    Entrevista na íntegra a Pedro Pires– Vice presidente Clube de Criativos
·    Entrevista na íntegra a Marcelo Lourenço – Diretor criativo FUEL
·    Como se ensina a criatividade? Entrevista a Frederico Arouca – Presidente Lisbon AD School
·    Como é que o Marketing olha para a criatividade? Entrevista a Rui Ventura – Presidente Associação Portuguesa dos Profissionais do Marketing (APPM)

- As hortas de cidade


DESCRIÇÃO Excerto do programa "As Cidades Visíveis", com Guta Moura Guedes. 

Conversa sobre as pequenas hortas de cidade e os espaços verdes.

Convidados: Arquitectos Pedro Gadanho e João Gomes da Silva 

Data de emissão: 07/06/2010


AS CIDADES VISIVEIS in, http://videos.sapo.pt/amVSlSf8Mji6O4etEGj1

- Índice de Cidades: instrumento estratégico para a sustentabilidade.


Smart cities, cidades digitais e cidades inteligentes são conceitos que têm marcado a agenda de investigação da INTELI nos últimos anos.
Na Ásia e Médio Oriente prevalecem os projetos associados à construção de cidades a partir do zero, como são os casos de Masdar, nos Emirados Árabes Unidos e de Songdon, na Coreia do Sul. Na Europa e na América do Norte imperam projectos de regeneração urbana inteligente centrados em cidades com uma trajectória histórica e marcadas por especificidades económicas, sociais, culturais e institucionais, como é o caso da iniciativa “Amsterdam Smart City” na Holanda.
Também a União Europeia já colocou este tema na agenda política. Foram recentemente aprovados projectos de investigação, demonstração e inovação no âmbito do 7º Programa Quadro e do CIP – Programa Quadro para a Competitividade e Inovação, muito associados ao potencial das tecnologias de informação e comunicação como instrumentos de facilitação das funções urbanas e da vida nas cidades. 
No entanto, a maioria destas abordagens tem como ponto de partida as tecnologias e os negócios, descurando a vertente humana, social e política.
As smart cities do futuro deverão partir das pessoas e das comunidades onde vivem e trabalham. É um novo paradigma na forma de fazer cidades, que exige repensar estratégias, tecnologias, modelos e processos urbanos para responder aos actuais desafios ligados à qualidade de vida, ao equilíbrio do ambiente e eficiência dos recursos naturais, às desigualdades e à exclusão social. 
A INTELI está a desenvolver em parceria com as 25 cidades da rede RENER o Ìndice de Cidades Inteligentes 2020. Trata-se da elaboração de um instrumento estratégico que parte de um conceito integrado de:
Cidades que baseiam a sua atractividade na aliança entre a inovação económica, a sustentabilidade ambiental, a inclusão social e cultural e a governação aberta, em linha com a Estratégia Europa 2020.
Cidades que desenvolvem e utilizam soluções inteligentes baseadas em tecnologias de informação e comunicação para a promoção da conectividade urbana conducente à melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. 

Objectivos

Posicionar estrategicamente os municípios portugueses num ranking de cidades inteligentes.
Monitorizar e avaliar o desempenho na prossecução dos objectivos de inovação política, social, tecnológica e ambiental dos municípios.
Mapear boas práticas internacionais em matéria de desenvolvimento urbano inteligente como suporte da definição de estratégias locais.
Potenciar a cooperação entre cidades nacionais na área da inteligência urbana.

Etapas Metodológicas
CONCEPTUALIZAÇÃO DO MODELO DE ANÁLISE
Definição do modelo conceptual de uma cidade inteligente
DIMENSÕES E SUB-DIMENSÕES DE ANÁLISE
Definição das componentes de análise do modelo conceptual
DEFINIÇÃO E SELECÇÃO DOS INDICADORES
Definição dos indicadores que permitam quantificar ou qualificar as sub-dimensões de análise
CÁLCULO DOS INDICADORES
Quantificação ou qualificação dos indicadores de acordo com informação secundária e primária
NORMALIZAÇÃO DOS INDICADORES
Estabelecimento de parâmetros mínimos e máximos para cada indicador de forma a permitir a sua comparabilidade
AGREGAÇÃO DE INDICADORES
Condensação de indicadores em dimensões e sub-dimensões que permitem avaliar a sua interacção e posicionamento
CÁLCULO DO ÍNDICE
Aferição do índice para cada Município
 



Parceiros

INTELI - Inteligência em Inovação, Siemens, Caixa Geral de Depósitos


in, http://www.inteli.pt/pt/go/indice-cidades-inteligentes-2020

- Políticas Urbanas na Estratégia da Cidade


Políticas de desenvolvimento urbano
Na última década muitas cidades alicerçaram-se nos programas de intervenção nacionais e comunitários. Os comportamentos das cidades perante os programas de intervenção, a análise de alguns dos seus processos internos e a capacidade de organização dos actores locais revelaram-se de extrema importância para delinear ou alcançar a estratégia de desenvolvimento adoptada ou a adoptar pela cidade.
Parte-se do princípio que os programas de intervenção possam ser um pretexto para a reorganização dos actores locais e que os projectos de transformação possam representar, para a cidade, elementos de política urbana que constituem indicações estratégicas para o desenvolvimento local. Pressupõe-se que os factores de estimulo global possam activar no sistema local os processos de transformação dos recursos endógenos de potenciais a reais, gerando respostas locais, ou seja, o objectivo maior é o de explorar o conjunto de potencialidades oferecidas em cada território, reforçando o ideal de sustentabilidade dos processos de desenvolvimento. Neste sentido, a cidade passa a ser entendida como um sistema local em posição de se auto organizar para responder aos estímulos globais de forma a realizar os próprios objectivos.
Planeamento das cidades
Destaca-se pois, o conceito de desenvolvimento endógeno, que pode ser interpretado como a capacidade de mobilizar e gerir os recursos e as potencialidades existentes num dado território. De acordo com esta noção, deve-se ter em atenção quer o relevante papel que devem assumir, neste processo, os agentes locais e regionais; quer a necessidade de se reduzir os elementos geradores de dependência, provenientes dos diversos factores económicos exteriores à região. Assim, a cidade, enquanto inserida num conjunto de cidades e de uma rede de relações horizontais, apresenta cada vez maior capacidade para retomar o seu papel de direcção e de governo dos processos territoriais e económicos.
Surge o conceito de política de rede de cidades, que visa a criação de uma associação de cidades com o objectivo de definir estratégias de crescimento para realizações coordenadas em domínios que, pelo menos em parte, são objecto da incidência da administração pública. Ou seja, a cidade enquanto nó é estimulada a se posicionar e a encontrar o seu objectivo específico na rede urbana, de modo a retirar todas as vantagens competitivas nas relações de troca com o resto da rede. Pelo que, as cidades devem passar de âmbitos nos quais se geram e circulam bens, capital e informação a actuar também como agentes de atracção e retenção dos mesmos.

Nesta perspectiva, a cidade passa a ter capacidade para gerir tanto a própria vocação, como os recursos e as condições ambientais. O objectivo passa a ser criar sinergias e complementaridades entre cidades, ou seja, potenciar as redes de cidades; e uma política adequada que permita, através da articulação entre centros urbanos, o alcance de níveis e limiares óptimos, de forma a que estas constituam verdadeiras redes alternativas. Pelo que, a especialização das cidades e o seu funcionamento em rede de complementaridades tem de constituir uma estratégia forte das políticas públicas. Neste sentido, e em proveito do desenvolvimento de funções mais adequadas e vantajosas, tornou-se necessária a restruturação dos centros, da área urbana e da própria rede. Os sistemas territoriais locais são, agora, entendidos como nós de uma rede global hiper-conectada, porque cada nível territorial, cada escala, pode ser unido directamente a outro.
Distribuição urbana
Neste contexto, as redes passaram a ser interpretadas como um importante modelo de desenvolvimento, que permite relacionar diversas entidades na resolução de problemas que lhes são comuns. Importa, por isso, sublinhar a existência da rede local/regional e da rede supra-local, que se referem a duas distintas configurações urbanas policêntricas. Por um lado as redes constituídas por centros urbanos Inter-conectados a nível regional; e por outro, as redes de nível supra-local que se inserem, essencialmente, no sistema urbano europeu, caracterizado pelo seu grande dinamismo de desenvolvimento.
Assim, as redes urbanas apresentam um papel estratégico no desenvolvimento espacial da União Europeia. Mais concretamente, estas permitem que o sistema actue através de um melhor desempenho global e, simultaneamente, contribuem para o favorecimento de um maior equilíbrio territorial da Comunidade.
As redes urbanas representam o papel estratégico das cidades, como ímans de redes globais e como conectores de entidades locais. Não se pode, por isso, esquecer que o nível supra-local e as cadeias cada vez mais globais contribuem crescentemente para o desenvolvimento das cidades. Torna-se, neste sentido, imprescindível que as cidades sejam capacitadas a encarar os seus recursos endógenos e as suas especiticidades locais como factores-chave e estratégicos no desenvolvimento das redes globais.

A cidade, enquanto nó da rede, tem de ter capacidade para criar a rede local, através do envolvimento da diversidade de agentes, de modo a que lhe seja permitido funcionar como vínculo vertical entre as várias redes globais que cruzam a cidade. Ou seja, a cidade pode simultaneamente pertencer a diferentes níveis de redes, de modo a estabelecer as relações e inter-conexões necessárias entre as redes locais e globais, por forma a explorar todas as vantagens possíveis. Nesta perspectiva a diversidade de escalas de redes e o policentrismo apresentam-se como benéficos para o desenvolvimento dos processos locais, em particular através do seu estímulo na participação nos circuitos de comunicação internacional.
Constata-se, por isso, que as cidades dão cada vez maior prioridade ao estabelecimento de relações de complementaridade com outras cidades, como forma de estimular a promoção conjunta. O desenvolvimento espacial centra-se, agora, na actuação do nível local e regional, através de uma competitividade mais equilibrada do território, e da promoção de redes de cidades ou de redes de relações horizontais.
A territorialidade assumiu o papel central na competitividade, pelo que mais se justifica o incentivo à cooperação, à concertação de políticas de animação de eixos de sistemas urbanos, de sub­espaços territoriais. Por outro lado as cidades despertam, cada vez mais, para a sua capacidade de influenciar nas decisões, que embora não sejam da sua competência são do seu interesse, pelo que é dada maior importância à actuação com os governos nacionais e/ou organismos internacionais. Para o efeito, as cidades voltam-se para a procura de formas de actuação coordenada à escala nacional e internacional.
É por isso, fundamental para o fortalecimento dos sistemas urbanos, que se estabeleçam consensos, se desenvolvam complementaridades e criem laços entre cidades (a nível regional, nacional e internacional), e que se promova quer a interacção entre autoridades locais através de redes, quer o intercâmbio e transferência de formas de gestão.
Neste sentido, é essencial para a competitividade, que se promova o equilíbrio e a integração do sistema urbano, à escala europeia e mundial, em redes de cooperação e concertação. Assim, torna-se imperativo quando se pretende atrair funções associadas aos factores económicos supra-nacionais, que se dê prevalência à imagem do centro urbano.

De facto, verifica-se que para o aproveitamento máximo das potencialidades destes processos, se afirma como condição fundamental, a capacidade da cidade e dos agentes a ela associados, de direccionar as suas potencialidades endógenas, os recursos e as actividades para uma vocação já delineada. Assim, os processos de desenvolvimento local devem contribuir para a realização desta capacidade. O desenvolvimento local é, hoje, entendido como uma resposta especifica a estímulos provenientes de níveis globais, e já não como um processo alternativo relativamente às dinâmicas globais. Neste sentido, esta resposta deve ser dotada de interacções, entre a rede dos sujeitos locais e o meio urbano, pois, a capacidade autónoma do comportamento de cada sistema local provém necessariamente da interacção activa entre rede local e meio.
Autor: Ema Rosmaninho
Excerto Adaptado
Imagens: VO Planning, Martens Plander
Download Políticas Urbanas na Estratégia da Cidade

Outros artigos interessantes:

in, http://www.engenhariacivil.com/politicas-urbanas-estrategia-cidade


sexta-feira, 5 de abril de 2013

- Inovação, a bem da Nação!


No mais recente Barómetro de Inovação construído pela COTEC (Janeiro de 2013), constata-se uma degradação do posicionamento relativo de Portugal no que concerne ao investimento em Inovação e Desenvolvimento, na quase totalidade dos indicadores.
O nosso país mantém-se muito abaixo dos valores médios da OCDE, abaixo da Zona Euro, abaixo da UE27 e abaixo da média global, apresentando também um posicionamento inferior ao dos países Europeus com dimensão semelhante à sua - Áustria, Bélgica, Finlândia, Holanda e Irlanda.
Estes resultados - que representam um retrocesso em relação à evolução positiva dos últimos anos e cuja responsabilidade tem origem necessariamente em opções políticas - traduzem alguns dos problemas estruturais da economia Portuguesa, que são factores de atrito ao investimento em inovação: baixa produtividade, mão-de-obra pouco qualificada, falta de liquidez nas empresas em resultado da restrição no acesso ao crédito, aumento do custo do crédito, aumento da carga fiscal, ausência de uma cultura de apoio a projectos inovadores, burocracia pesada e complexidade dos instrumentos legislativos. 
Ora, o agravamento da conjuntura económica, com a intensificação das medidas de austeridade e a ausência de um horizonte para o início da recuperação, continuará a cobrar os seus efeitos sobre o investimento e, consequentemente, sobre a inovação.

O investimento em I&D que as empresas portuguesas continuam a promover resulta em grande medida da contracção do mercado interno, que obrigou as empresas a inovar através do alargamento da sua actividade a mercados internacionais, com os benefícios que daí resultam. É que a necessidade aguça efectivamente o engenho, mas temo que, sem uma aposta clara do Estado na construção de um ambiente ‘innovation-friendly', com benefícios fiscais e aposta na formação, medidas de discriminação positiva para as empresas mais inovadoras e simplificação do acesso a incentivos a I&D, tudo seja em pura perda e a conjuntura recessiva acabe por impor o seu peso esmagador.
A inovação é o caminho virtuoso para ajudar Portugal a recuperar da crise em que se encontra e é a única forma de não perder de vista - num país, como numa empresa - o desígnio da competitividade, sem o qual tudo o mais se dissolverá na espuma dos défices, dos impostos, das dívidas, dos memorandos e das ‘troikas'.
Se o objectivo é o crescimento económico, sustentado, robusto, que permita reduzir importações e criar emprego, então ignorar o papel-chave da inovação nessa equação equivale a contradizer esse objectivo nos seus próprios termos. Permitir isso será admitir que o primeiro-ministro, o ministro da Economia e o ministro das Finanças não entenderam, afinal, o que se passou. Será - dito de outro modo - admitir que os portugueses não entenderam o que aconteceu.
Luís Reis, Presidente da Confederação dos Serviços de Portugal (CSP)