sexta-feira, 5 de abril de 2013

- Inovação, a bem da Nação!


No mais recente Barómetro de Inovação construído pela COTEC (Janeiro de 2013), constata-se uma degradação do posicionamento relativo de Portugal no que concerne ao investimento em Inovação e Desenvolvimento, na quase totalidade dos indicadores.
O nosso país mantém-se muito abaixo dos valores médios da OCDE, abaixo da Zona Euro, abaixo da UE27 e abaixo da média global, apresentando também um posicionamento inferior ao dos países Europeus com dimensão semelhante à sua - Áustria, Bélgica, Finlândia, Holanda e Irlanda.
Estes resultados - que representam um retrocesso em relação à evolução positiva dos últimos anos e cuja responsabilidade tem origem necessariamente em opções políticas - traduzem alguns dos problemas estruturais da economia Portuguesa, que são factores de atrito ao investimento em inovação: baixa produtividade, mão-de-obra pouco qualificada, falta de liquidez nas empresas em resultado da restrição no acesso ao crédito, aumento do custo do crédito, aumento da carga fiscal, ausência de uma cultura de apoio a projectos inovadores, burocracia pesada e complexidade dos instrumentos legislativos. 
Ora, o agravamento da conjuntura económica, com a intensificação das medidas de austeridade e a ausência de um horizonte para o início da recuperação, continuará a cobrar os seus efeitos sobre o investimento e, consequentemente, sobre a inovação.

O investimento em I&D que as empresas portuguesas continuam a promover resulta em grande medida da contracção do mercado interno, que obrigou as empresas a inovar através do alargamento da sua actividade a mercados internacionais, com os benefícios que daí resultam. É que a necessidade aguça efectivamente o engenho, mas temo que, sem uma aposta clara do Estado na construção de um ambiente ‘innovation-friendly', com benefícios fiscais e aposta na formação, medidas de discriminação positiva para as empresas mais inovadoras e simplificação do acesso a incentivos a I&D, tudo seja em pura perda e a conjuntura recessiva acabe por impor o seu peso esmagador.
A inovação é o caminho virtuoso para ajudar Portugal a recuperar da crise em que se encontra e é a única forma de não perder de vista - num país, como numa empresa - o desígnio da competitividade, sem o qual tudo o mais se dissolverá na espuma dos défices, dos impostos, das dívidas, dos memorandos e das ‘troikas'.
Se o objectivo é o crescimento económico, sustentado, robusto, que permita reduzir importações e criar emprego, então ignorar o papel-chave da inovação nessa equação equivale a contradizer esse objectivo nos seus próprios termos. Permitir isso será admitir que o primeiro-ministro, o ministro da Economia e o ministro das Finanças não entenderam, afinal, o que se passou. Será - dito de outro modo - admitir que os portugueses não entenderam o que aconteceu.
Luís Reis, Presidente da Confederação dos Serviços de Portugal (CSP)

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