quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

- O Modelo dos Parques Tecnológicos de Nova Geração

No que se refere a Portugal, onde é sabido que o processo de inovação e de transferência de tecnologia entre as Universidades e o universo empresarial funcionou sempre pior que na Europa desenvolvida, a decisão governamental de criar Parques de Ciência e Tecnologia nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto radicou no convencimento de que o desenvolvimento económico resultará tanto mais quanto maior for o potencial já existente do sistema de investigação.

Os Parques Tecnológicos são instrumentos para fomentar o verdadeiro objectivo regional, ou seja, a Tecnópolis, a cidade impregnada de alta tecnologia, estrutura complexa e aberta, sem fronteiras definidas, tendo como objectos simultâneos o desenvolvimento científico, tecnológico e industrial e o desenvolvimento regional e urbano, que gera permanente inovação nas empresas e garante a competitividade regional. A grande motivação que leva os responsáveis regionais ou nacionais a apoiar a criação dum Parque Tecnológico é, assim, o desenvolvimento económico, propiciado pela permanentemente renovada competitividade das empresas inovadoras.
Entre os modelos de referência sempre invocados estão os americanos, como é o caso de Silicon Valley, ou os franceses, como é o caso de Sophia Antipolis.

Silicon Valley ocupa uma área muito vasta na Baía de San Francisco, na zona de San José e tornou-se o paradigma de cluster industrial em tecnologias de ponta. Teve como pedra angular o Stanford Industrial Park, criado em Palo Alto pela Universidade de Stanford em 1951, e designado a partir de 1980 por Stanford Research Park.
No essencial, porém, foi criação espontânea, resultando de condições ímpares para a inovação – recursos humanos altamente qualificados, recursos financeiros disponíveis, empenhamento da administração local, interesse de investidores privados, rendas baixas, boas infra-estruturas e acessibilidades, defesa do ambiente para qualidade de vida e, acima de tudo, um ambiente cultural de pioneirismo, que valoriza o risco.

Sophia Antipolis foi uma aposta no desenvolvimento regional, pretendendo com sucesso converter uma região tradicionalmente turística e rural numa zona de intenso potencial tecnológico. Os principais municípios da zona de Cannes e de Nice envolveram-se no projecto, bem como as autoridades regionais.
Em regra, os Parques Científicos americanos, designados por Research Parks, são iniciativa das Universidades, em terrenos de sua propriedade e com boa rentabilidade económica, aproveitando a atracção natural que as empresas americanas têm para se estabelecer na vizinhança da Universidade.


Retirado do texto "OPÇÕES ESTRATÉGICAS DE COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL
PROMOVER A SUSTENTABILIDADE NOS PARQUES INDUSTRIAIS
", realizado em Guimarães em 24 de Feverreiro de 2000, - Luiz Maltez (Presidente da Direcção da Tecparques – Associação Portuguesa de Parques de Ciência e Tecnologia)

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